Monday, June 25, 2007

Existência...

Quando era pequena...

Partia pedras arredondadas pelas ondas do mar, buscando tesouros no meio delas. Pequenos tesouros de quartzo...
Subia às árvores e jogava à bola, mostrando aos meninos o quanto também eu era forte e capaz. Todavia também tinha as minhas bonecas...
Calçava sapatos altos e esborratava-me com batons. Um simbolismo que me elevava a “mulher”.
Tinha um mundo meu de quatro paredes onde o sonho era o limite...vestia e despia personagens vivendo outras vidas que sonhava para mim.
Já me perdia em folhas de papel brincando com as palavras. Contemplava o céu e perguntava-me se alguém ouvia o que eu dizia num quarto vazio.
Chorava ás vezes das faltas que a vida trazia...mas rapidamente havia um objecto que ganhava vida, um sonho que ganhava forma mas sem alicerces.
Sonhava com um amor de balada, alguém que me viria salvar do alto da torre e dar-me um beijo que significasse toda uma vida de espera.

Agora...

As pedras ainda me fascinam, as suas cores, os seus mitos, a sua essência...mas já não as quebro...faço de cada uma por inteiro um tesouro.
Vou me construindo forte e segura. Não precisando de ninguém, num misto de liberdade e solidão. No entanto, tenho as minhas fragilidades.
Admiro a beleza simples, acreditando que os meus saltos altos não estão forçosamente nos meus sapatos.
O meu mundo são as quatro paredes com que me fecho. Os sonhos são a realidade de todos os dias e a única personagem que visto sou eu sem artifícios.
As palavras ainda permanecem, contam pedaços de mim. Ainda contemplo o céu tentando perder-me na sua imensidão. Mas já não lhe falo, sei que não me ouve.
Ainda choro de mansinho quando a noite vai tardia, sem que ninguém veja. Perdi o dom de dar vida, mas ainda faço pequenas vidas felizes.
Só quero que me amem de modo imperfeito. Mas sou tão pequena e tu tão “grande” amor. Procuro por ti mesmo sem me conheceres. Encontro-te todos os dias e tu não me alcanças.

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