Monday, October 15, 2007

Colossal

Adoro-te em dias de chuva e em dias de sol. Em tempos de vento vadio ou de atmosfera serena. O sentimento é intrínseco em mim.
Adoro-te quando caminhas para mim e até mesmo quando vais embora, deixando a ausência de ti. A saudade fica nos teus passos até um novo amanhecer.
Adoro-te por me fazeres crescer a cada dia, protegida no teu colo seguro. Por transportares a felicidade na palma da mão, permitindo-me chamar de vida o que poderia ser apenas existência.
Adoro-te quando me agarras com vontade, sentindo o desejo pulsar a cada beijo, a cada toque...adquirindo contornos perfeitos no escuro.


Adoro-te na simplicidade de tudo o que te compõe e que te torna verdadeiramente colossal.

Friday, October 12, 2007

Momentos de magia...

A noite cai…

Sente-se a multidão entusiasmada. O frio gelado bate no rosto. Ouvem-se os risos das crianças e as vozes dos adultos. Sente-se o cheiro a pipocas, a farturas e a algodão doce. E tudo brilha, brilha, brilha…ao rufar dos tambores.

- Meninos e meninas, senhores e senhoras, bem vindos ao maior espectáculo do mundo.

A magia começa.

Faz-se silêncio e as luzes apagam-se.

Acende-se um foco de luz…

Entra tímida de pé descalço, trazendo sonhos no bolso. Percorre labirintos de linhas rectas, pinta na tela da imaginação e encontra a sua força motriz mesmo ao cair do pano.
A cena muda rapidamente, surgindo agora entre a terra e o céu, mantendo o equilíbrio no fio finíssimo sem rede. Caminha sem medos e sem receios, usando toda a sua mestria. A cada passo, a confiança de quem dá a mão a algo que não se vê. Talvez viva no fio da navalha, mas aproveita cada momento como se fosse o último. E se cair? Conhece a força da terra que lhe agarra os braços, que lhe beija a boca, que lhe come o corpo. Cai o pano.
A cena volta a mudar, muda a musica, muda o conhecido, parte-se para o desconhecido, conhecendo-se a cada passo. Volta a entrar desalinhada, suspensa em fios invisíveis. E voa sem ter asas, livre, pela mão de alguém…espalhando este pó mágico num sopro suave.
E mesmo antes do pano cair diz num sussurro baixinho:

Sou eu amor, olha para mim…
Tenho uma mão cheia de estrelas
Tenho um olhar cheio de brilho
E um peito cheio de ti…

Este é o meu momento, o teu momento, o nosso momento…
Momentos de magia, onde me perco em ti...

Friday, August 10, 2007

No meu mundo...

No meu mundo, o Sol nasce a Este e põe-se a Oeste, mesmo em dias sombrios. Trazendo um cheiro a café pela manhã e a serenidade de um fim de tarde que a noite acaba por engolir.
No meu mundo, o tempo é exacto. Mostra sempre as horas certas e não aquelas que quero ver.
No meu mundo, a nostalgia está na simplicidade dos pequenos momentos que me fizeram feliz. Os miminhos de bolacha perderam a validade, porque não os consigo comer sem ti.
No meu mundo, a água não apaga o fogo, só o faz reacender de cada vez que verte pelo meu corpo.
No meu mundo, existem flocos de neve que se partilham de boca em boca, acompanhando a leveza de um beijo que nunca aconteceu.
No meu mundo, o sono chega nos braços da noite, ouvindo a água a cair numa melodia confortante. A janela abre-se para o mundo, contempla-se o céu e o vento bate na pele como carícia, numa cama vazia.
No meu mundo, existem livros de cabeceira, acompanhando estes sonhos fantásticos que eu tenho. Imagino-te. Imagino-nos. E adormeço...

No meu mundo não existe o teu mundo, é verdade.
Mas existe muito de ti.

Saturday, July 21, 2007

Ao perder-te...

"Ao perder-te a ti perdemos os dois,
eu porque tu eras o que eu mais amava
e tu porque eu era quem mais te amava..."
Ernesto Cardenal

Wednesday, July 18, 2007

Pensamentos perdidos...

Estou exausta...

Danço com a escuridão até perder o equilíbrio. Deixo-me cair sobre a cama. Estico os braços mas não te agarro, faço um silêncio de loucos mas nem te oiço respirar, chamo por ti baixinho mas nunca chegas. Agora sei que nunca aqui estiveste. Fixo o olhar no vazio...

Fecho os olhos.
Respiro fundo e penso em ti...
Imagino que tenho apenas mais quinze minutos de vida...

Queria ver-te dormir. Acompanhar esses teus sonhos. Passar a mão no teu cabelo. Amar-te os lábios. Olhar para ti nesse teu soninho sossegado. Sentir a tua paz. Mesmo que nunca soubesse muito bem o que era ter-te, nesse momento não haveria mais nada, só eu e tu.

E choro, porque sei incrivelmente que é verdade. A minha escrita será sempre o meu colo seguro.

Queria sentir a tua mão no meu rosto, fechar os olhos e sentir um momento de paz.

Guarda-me para ti. Não me deixes, nem me dês a outro.
Guardas-me?

Wednesday, June 27, 2007

Era chuva...?

Era chuva que molhava a minha face e batia no meu peito...ansiando a tua boca.
Era desejo de querer dar-te um beijo blasfemado desta minha paixão.
Era chuva e era quente, como fogo ardente...ansiando um beijo húmido.
Era amor, era carinho, que escorria devagarinho para fora de mim.
Era chuva que escrevia no meu corpo...ansiando o teu conhecimento
Era um dialecto que compõe todo este afecto, tão simples que tu não lês.
Era chuva que me afagava o corpo...ansiando as tuas mãos.
Era ternura e na ponta dos teus dedos a cura, para o meu desassossego.

Era chuva que batia neste vidro...e eu sentia o pesar de cada gota.
Eu de um lado e tu do outro, formando um rosto embaciado de quem esta perto e mal se vê.
Era chuva que escorria e eu com anseio bebia tentando beber de ti.
Era as minhas mãos no vidro, tacteando com alento uma ponta que se quebrasse.

Era chuva…eram gotas e gotinhas tilintando no meu ouvido, descendo pelo meu corpo, pintando telas cinzentas de saudade.

Era chuva... e uma voz que dizia docemente:

- Talvez não seja chuva...talvez um escorrer das tuas lágrimas sobre ti mesma.

Monday, June 25, 2007

Existência...

Quando era pequena...

Partia pedras arredondadas pelas ondas do mar, buscando tesouros no meio delas. Pequenos tesouros de quartzo...
Subia às árvores e jogava à bola, mostrando aos meninos o quanto também eu era forte e capaz. Todavia também tinha as minhas bonecas...
Calçava sapatos altos e esborratava-me com batons. Um simbolismo que me elevava a “mulher”.
Tinha um mundo meu de quatro paredes onde o sonho era o limite...vestia e despia personagens vivendo outras vidas que sonhava para mim.
Já me perdia em folhas de papel brincando com as palavras. Contemplava o céu e perguntava-me se alguém ouvia o que eu dizia num quarto vazio.
Chorava ás vezes das faltas que a vida trazia...mas rapidamente havia um objecto que ganhava vida, um sonho que ganhava forma mas sem alicerces.
Sonhava com um amor de balada, alguém que me viria salvar do alto da torre e dar-me um beijo que significasse toda uma vida de espera.

Agora...

As pedras ainda me fascinam, as suas cores, os seus mitos, a sua essência...mas já não as quebro...faço de cada uma por inteiro um tesouro.
Vou me construindo forte e segura. Não precisando de ninguém, num misto de liberdade e solidão. No entanto, tenho as minhas fragilidades.
Admiro a beleza simples, acreditando que os meus saltos altos não estão forçosamente nos meus sapatos.
O meu mundo são as quatro paredes com que me fecho. Os sonhos são a realidade de todos os dias e a única personagem que visto sou eu sem artifícios.
As palavras ainda permanecem, contam pedaços de mim. Ainda contemplo o céu tentando perder-me na sua imensidão. Mas já não lhe falo, sei que não me ouve.
Ainda choro de mansinho quando a noite vai tardia, sem que ninguém veja. Perdi o dom de dar vida, mas ainda faço pequenas vidas felizes.
Só quero que me amem de modo imperfeito. Mas sou tão pequena e tu tão “grande” amor. Procuro por ti mesmo sem me conheceres. Encontro-te todos os dias e tu não me alcanças.