Saturday, July 15, 2006

Fascínio do desconhecido

Acho fascinante o desconhecido…saber de alguém que me expressa sentimentos e que eu nunca vi o rosto. Fazendo com que o meu pensamento voe e crie uma imagem.
Uma imagem com peso e medida em palavras. Em que cada traço surge de uma palavra.

E assim te vou delineando o rosto e o corpo, pela forma como te expressas.

Será que nos podemos deixar envolver apenas por palavras?

Quando te leio, percorro cada linha com ânsia. Vou decompondo a tua escrita, tentado ver se fazes pausa na altura em que sustenho a respiração, se colocas reticencias quando sinto a curiosidade a atear ou se abruptamente colocas ponto final quando mordo o lábio.

E depois penso em ti. Em ti que te conheço mesmo sem teres rosto. E começo a imaginar, embarco numa viagem que não sei de onde parto, para onde vou e muito menos o rosto de quem vou encontrar. Mas é fascinante o desconhecido.

E se fores como imagino, sublime. Se não fores também não importa. Resta me a sensação que consegues transmitir com o teu calor. Se for intenso, fecho os olhos e deixo-me ir…

Deixa-me acreditar que tudo pode ser tão sentido…começando no essencial e só depois o acessório.
Por vezes devíamos ser cegos para algumas coisas…e ir conhecendo pelo tacto, pelo cheiro, pelo beijo, pelo tom da voz, pelo calor…adoro sensações, corpos enrolados, corpos suados e beijos de chuva…

Saturday, July 01, 2006

Penso não querendo pensar...em ti

Sentei-me na minha cadeira de baloiço e senti a brisa que entrava pela janela. Fechei os olhos e recostei-me para trás...
Abandonei-me a outra dimensão onde não conheço os limites...percorri todos os caminhos que aprendi para chegar até ti.

Encontrei-te...

Toco-te de mansinho...esses traços e contornos que inventei. E tu falas palavras tão simples mas tão confusas, mas sempre cheias de ti. São como teias e enleias-me no teu enredo. Um livro onde faltam folhas e parágrafos.
Continuando num jogo de sentidos percorro-te com a ponta dos dedos...dos lábios até encontrar o teu pescoço, onde me aninho e estremeço...estremeço com o teu calor.
Ficando nesta loucura do sentir beijando e tocando...visto-me de ti e fico nua de mim. Enlaças-me com os teus braços e fico a saborear o deslizar da tua língua sobre a minha...

Sinto a realidade chegar...sei que não estás aqui mas...

Existimos um no outro, pelo menos nesta minha realidade paralela...existes mas ainda não me consomes.

E continuo a saborear, tactear, beijando, tocando com a língua….envolvendo-me, enrolando-me…

…e paro por aqui que estas palavras são a modo que “perigosas” para quem as escreve e para quem as lê.

Vou me embora e não leias mais...sem dares por ti já estaremos enlaçados um no outro...devias recear cada palavra...
Mantenho o livro aberto, para que venham os dedos de quem o começou...