Monday, May 29, 2006

E se tu viesses buscar-me hoje?

E se tu viesses buscar-me hoje?
Sim, liberta-me deste marasmo em que se tornou a minha vida.
E se tu viesses buscar-me hoje mesmo que em horas tardias?
Sim, se chegasses mesmo no momento em que a noite me consome a vida e o amanhã tarda em chegar.

Sim, vem…

Leva-me, toma-me em teus braços…

Vem depressa como se não houvesse amanhã, como se o meu tempo de vida fosse água que tentas conter nas mãos…

Por isso vem…

Abraça-me violentamente contra ti e beija-me ligeirinho…

Para ti que te sonho mesmo sem teres rosto…
Deixa-me gostar de ti assim, devagarinho...

Friday, May 26, 2006

Solidão

Por vezes acho que chegou a hora de partir...abandonar a vida...

Mas acho que ainda sou capaz...
afinal consigo lamber as feridas.

Começo a achar fascinante a solidão...

Fraca?

Não, não sou fraca. Os fracos nunca conseguiriam sustentar a solidão como eu. São demasiado fracos para carregar tal peso. Eu sei viver com ela...abracei-a com força, carrego-a nos braços e transporto-a com as pernas. Tão simples quanto isso.

Wednesday, May 24, 2006

Pensamentos soltos...em noites como esta

Oiço os teus passos no vazio. Sinto as tuas mãos nos meus ombros e penso:
Afinal sempre vieste!

Ergo a minha mão de encontro à tua, mas cai no vazio. Rapidamente sinto o frio da tua ausência.
Porque me abandonaste?

Sussurros imaginários de palavras nunca por ti ditas ecoam em todo o meu redor sombrio.
Porque não me dizes coisas bonitas?

E esta ansiedade com que evoco o teu nome, mesmo sabendo que na verdade nunca te vou ter.
Porque não te rendes a mim?

E nas noites em que te vislumbro ao fundo da rua. Mas foges de mim, afastas-te a passos largos.
Porque foges de mim assim?

E ainda me jogo tentando alcançar-te, mas apenas sinto um pouco do teu calor nas mãos, momentos antes de virares a esquina.
Podias me deixar apanhar-te?

Estou à tua espera, mas a vela já há muito se apagou…

Sunday, May 21, 2006

O sentido das palavras...

As palavras também têm um lado negro...nem sempre valem aquilo que sentimos, por excesso ou por defeito.

E num simples

Gosto de ti

Posso querer dizer tanta coisa, mas nem vou tentar definir.
Gosto de ti porque sim, porque não posso controlar nem medir.

Mas não sou apaixonada por ti...

E daqui nasce o meu vazio...um vazio que não queres preencher...

Quando fecho os olhos vejo o teu rosto...como eu gostava de ver nos teus olhos desejo por mim. Sentir no peito o teu fôlego, partilhar contigo um leve beijo.
Dá-me vontade de me juntar a ti e perdermo-nos em simultâneo, consumir-mos a vida nos desígnios da perdição.
Quero-te em mim, hoje amanhã e depois...percorrendo uma linha de tempo desconhecida, na qual me deixo prender por uma paixão que não posso ter.

Talvez só me apaixone envolvendo com a pessoa...

beijando, tocando, beijando, agarrando, beijando...
sentido tudo o que é real.

Talvez até me apaixone sempre mais um bocadinho quando chegas perto e nem me tocas e eu fico a olhar-te

nos olhos, nos lábios, nos olhos, nos lábios
e desvio o olhar...

Talvez não faça sentido, nenhuma palavra que escrevo e devia parar de escrever...
Talvez já nem concorde com tudo o que acabei de escrever, porque já não sei definir aquilo que por palavras não consigo mostrar.

E depois paira em mim o silêncio, a confusão, a dor que em mim mora mas ao mesmo tempo dá prazer, e o desejo que me beija nos lábios.

Quem vai parar o tempo, preencher o meu vazio, e dar sentido a tudo o que escrevo?

Sem palavras...

Há palavras que nos tocam de uma maneira …

“Que tipo de cara eu tenho quando olhas para mim?” – perguntei

“Confesso que não te achava bonita pelas fotos, nem um pouco.
Mas pessoalmente achei-te bonita.
Nota-se vazio. Na tua voz, no teu olhar, na tua face.
És bonita…triste mas bonita.
Adoro ouvir-te cantar. Muito doce mesmo”


Fiquei sem palavras….



Gosto quando as pessoas me lêem e me deixam assim, sem palavras, sem hipótese de defesa possível, porque na verdade nada eu tinha a acrescentar.

Friday, May 19, 2006

Dias vazios...

Voltámos aos dias vazios. Dias em que me sinto completamente inútil.
Olho para tudo mas especialmente para nada.
Olhar perdido…
Voltámos aos dias em que nas viagens de autocarro tiro uma folha solta e um lápis e começo a escrever o que vejo ate chegar a casa.

Reparo na senhora de calças amarelas.
No avô que passeia o neto que se lambuza com um gelado.
Nas crianças curiosas.
Nas pessoas que passam a correr.
No homem que espreita os jornais.
Na criança pobre e suja que pede na rua.
Nas raparigas que conversam.
Na velhota de azul com um ar cansado.
No rapaz bonito que acaba de entrar no autocarro.
Nas pessoas que tentam ler o que escrevo.
No rapaz de olhos azuis encostado ao caixote do lixo.
Na mulher de mochila que caminha na poeira na berma da estrada.
Nas pessoas agarradas ao telemóvel.
No casal de namorados de mãos dadas.
Nas pessoas sozinhas que caminham.
Nas velhotas de cabelo pintado.
Nas meninas da escola que se riem sem preocupação.
No homem sentado no degrau das escadas.
Na rapariga gorda de olhar vago.
Na brasileira que segura uma rosa azul.
Nas raparigas muito bonitas.
Na rapariga vestida de amarelo com óculos cor-de-rosa.
Nos que caminham com destino e os que caminham sem destino.
Nas pessoas que me olham só porque escrevo.
Nos homens sujos que me sujam só com os olhos.
Nas velhas loiras.
Nas mulheres de lábios pintados.

Será que alguém também repara em mim? Não. Claro que não. Sou sempre mais uma entre tantos.

Aquele meu primeiro sonho, jaz agora por terra. Vou tentar levantá-lo do chão e lê-lo em silêncio.
Hoje ganhei um sorriso imbecil, os meus olhos pedem sono, o corpo descanso e o meu coração pede tréguas.

Thursday, May 11, 2006

Matei o amor dentro de mim...

Matei o amor dentro de mim…

Raramente o encontro ainda moribundo. Tento dar-lhe um sopro de vida. Mas acabo por voltar magoada, sozinha, perdida dentro de mim, à procura de algo que me foge a passos largos.
Perdi a capacidade de amar…

Dizem que sou fria, má…e que é mais fácil odiarem-me do que me amarem. Acho que é bem mais fácil começar pelo ódio…no fim de contas é lá que tudo acaba mesmo por terminar.
“És má e sozinha”, podem repetir vezes sem conta…não sou assim tão linear. Todos temos duas faces, depende apenas da perspectiva com que nos olham.

E às vezes quando algo cresce dentro de mim e começa a pulsar, interrogo-me se o amor estará vivo dentro de mim…porem tenho tanto medo da resposta. E fujo, e vou sempre fugir e dar luta aquilo que sinto. E vou ser sempre assim, má para mim e para ti. Vou dizer que te odeio. Negar-te a todo o instante. E quanto quiser estar perto de ti, vou me embora para longe, nem que me tenha que amarrar. E se ansiar tocar-te, ou dar-te aquele beijo que me apetece sempre que estás perto, vou violentar-me a mim própria, punir-me só porque te desejei. E se tentares me tocar vou afastar-te sempre, nem que tenha que te bater com os punhos cerrados.

Não percebo porque sou assim…mas tenho sempre esta necessidade de me defender.
Não percebem que só quero que me ganhem, que me vençam.

Hoje disseram-me: Um dia vai haver alguém que te desarme…

Eu já não acredito nisso…nunca ninguém se dá a esse trabalho. Desistem facilmente…a falha deve ser minha…continuo a sentir que não devo ser suficientemente boa. Não valo o esforço é isso não é?

Gostava que alguém me desarmasse, afinal acabo por ser sempre eu a ganhar.

Quanto disse o que sentia por ti…já o disse em tom de despedida...odeio-te!

Sunday, May 07, 2006

Toma-me...

Eu olho-te e num sorriso quase me entrego…

E se eu te beijasse? Se eu te beijasse de um jeito que te fizesse rir…ou se te mordesse o lábio…assim suavemente.

E se eu te abraçasse? Só para sentir o teu corpo junto ao meu, o teu calor…tacteasse os teus lábios com a ponta dos dedos, respirasse junto ao teu pescoço…

Preciso-te…

Preciso de ouvir a tua voz… [é tão meiga]
Toma-me…toca-me…preciso desesperadamente da tua pele no meu peito, das tuas mãos no meu cabelo, do teu conforto.
Toma-me…compõe uma sinfonia perfeita de notas em tom crescente de intensidade.
Toma-me…adormece comigo, com a respiração alterada e o corpo cansado…

Abraça-me! Como se o amanha não existisse…

Deixa-me repousar em ti…sentir-te a pele. Como se eu fosse um vento e te causasse um arrepio numa ousadia que cortasse a respiração.

Esta intensa carência de te ter, de te afagar, de te consumir…

Toma-me…
Abraça-me…
Beija-me…
E mais não sei…

Anseio…espero…desejo…
Desejo um dia ouvir-te dizer: Quero-te!!..embora saiba que não o dirás.

Fecho os olhos e adormeço…haverá sempre o dia de amanha.

Tuesday, May 02, 2006

Não percebem? Ninguem percebe

Não percebem? Ninguém percebe...
Mas eu tento...tento mostrar o meu vazio. Mas ninguém ouve os meus silêncios a gritar.
E se eu me sepultasse? E se o meu corpo caísse no vazio? Não faria diferença...
Grita-me, esbofeteia-me, esmurra-me, atira-me de um rochedo...pode ser que eu assim aprenda a cravar a vida com garra...e a gostar dela.

E tu não percebes? Não percebes, que quando entro no teu espaço sinto tristeza? Tristeza de um dia teres sido tudo e agora não seres nada…

E outro tu, também não percebes? Não percebes, que me vim embora porque na verdade queria ficar? Não percebes que fujo de ti porque na verdade até quero estar perto e concentrar-me até na tua respiração...sussurro-te, mas não ouves.

Mas será que ninguém percebe que me estou a estilhaçar por dentro...
Se calhar a falha é minha, o erro é meu, não sou suficientemente boa...vou ter que me virar do avesso...

Quem me vai salvar hoje para me deixar morrer amanha? Não importa...desde que me dê mais um dia de vida...