Fascínio do desconhecido
Acho fascinante o desconhecido…saber de alguém que me expressa sentimentos e que eu nunca vi o rosto. Fazendo com que o meu pensamento voe e crie uma imagem.
Uma imagem com peso e medida em palavras. Em que cada traço surge de uma palavra.
E assim te vou delineando o rosto e o corpo, pela forma como te expressas.
Será que nos podemos deixar envolver apenas por palavras?
Quando te leio, percorro cada linha com ânsia. Vou decompondo a tua escrita, tentado ver se fazes pausa na altura em que sustenho a respiração, se colocas reticencias quando sinto a curiosidade a atear ou se abruptamente colocas ponto final quando mordo o lábio.
E depois penso em ti. Em ti que te conheço mesmo sem teres rosto. E começo a imaginar, embarco numa viagem que não sei de onde parto, para onde vou e muito menos o rosto de quem vou encontrar. Mas é fascinante o desconhecido.
E se fores como imagino, sublime. Se não fores também não importa. Resta me a sensação que consegues transmitir com o teu calor. Se for intenso, fecho os olhos e deixo-me ir…
Deixa-me acreditar que tudo pode ser tão sentido…começando no essencial e só depois o acessório.
Por vezes devíamos ser cegos para algumas coisas…e ir conhecendo pelo tacto, pelo cheiro, pelo beijo, pelo tom da voz, pelo calor…adoro sensações, corpos enrolados, corpos suados e beijos de chuva…